Há muito em comum entre empreender e correr uma maratona. As duas atividades são iniciativas solitárias com um objetivo final definido que exige persistência. Mas para a empreendedora e atleta Svetlana Dtsenko esses esforços individuais exigem apoio de outras pessoas e estratégia.
Em artigo no site Fast Company, Svetlana conta como correr uma maratona a ajudou a ser bem-sucedida em seu empreendimento. Ela é CEO do Project Lever, uma companhia que conecta estudantes e conselheiros de universidades.
Em setembro de 2016, concluiu a maratona de Berlim. Quando começou a se preparar, pensou que desde que treinasse com persistência, cruzaria a linha de chegada. Rapidamente, percebeu que não seria bem assim. Durante seu progresso, descobriu que o sucesso iria depender de muito mais do que correr por quilômetros e quilômetros a fio.
Para cruzar a linha de chegada é preciso planejamento, prática, criar sofisticados sistemas de suporte e boa vontade para continuar correndo – mesmo após atingir o objetivo final.
Como correr uma maratona pode te ajudar a empreender
Melhore 10% a cada semana
Assim como maratonistas, fundadores de startups e líderes de negócios precisam ter um plano. Como corredor, o princípio básico é simples: você corre distâncias administráveis durante a semana, adiciona corridas mais longas durante o final de semana e tira dois dias para descansar.
Você melhora ao ganhar consistência e incrementar seus objetivos. Maratonistas aumentam suas distâncias em apenas cerca de 10% por semana. Se você treinar de menos, ficará preso na mesma performance. Se treinar de mais, terá risco aumentado de sofrer uma lesão.
Para startups, crescimento é tudo. O escritor e programador Paul Graham é famoso por aconselhar empresas a escolher uma taxa de crescimento semanal e sacrificar todo o resto para seguir esse número a risca.
Svetlana é cética com relação a “metas de crescimento”, que muitas vezes superam projeções de venda já ambiciosas. Daniel Markowitz, consultor de negócios, concorda em artigo na Harvard Business Review. Para ele, essas metas tendem a desmotivar equipes e a encorajar comportamentos antiéticos e excessivamente arriscados.
Mas se o empreendedor optar por melhorar apenas 10% por semana como faz Svetlana, ficará surpreso com o quão rápido irá cruzar a linha de chegada.
Todo esporte é coletivo
Correr uma maratona é um esforço de grupo. “Quando comecei a correr, pensava que maratonas eram para lobos solitários. Fazia a maioria dos meus treinos sozinha e não contratei um treinador”, conta Svetlana. “Até fiquei em silêncio nas redes sociais sobre meus treinos. E mesmo assim fui capaz de chegar até o fim por causa do suporte que recebi”, completa.
No início, a empreendedora corria sozinha, até decidir se juntar a um amigo mais rápido. Isso a fez aumentar sua velocidade em mais de 30%. Sempre que corria em grupo, era mais rápida, leve, forte e feliz. Além disso, durante a maratona, há torcedores que estimulam atletas a seguirem em frente.
“Crianças esticam suas mãos, e tenho certeza de que não perdi uma única oportunidade de high-five! Orquestras fazem jam session, estranhos amáveis distribuem bananas, copos de água e ‘gatorades’. Um grande amigo até veio dos Estados Unidos para celebrar comigo na linha de chegada”, conta.
Svetlana não foi capaz nem de fazer sua inscrição sozinha. A maratona de Berlim requer participar de uma loteria, da qual saiu perdedora. Seu ingresso foi garantido por uma amiga, através de sua associação de corredores.
A maioria das startups concorda que times são muito importantes, mas Svetlana gostaria que soubéssemos que também é preciso motivar fundadores individuais quando as coisas ficam difíceis. Ela acredita que contar histórias de empresários não é apenas forma de promover sua “construção pessoal”, mas também de mostrar a todos que o objetivo está próximo, mesmo quando parece difícil de se alcançar. Basta encontrar quem os motive a empreender com sucesso.
Continue correndo
Para Svetlana, o melhor momento da maratona provavelmente seria a linha de chegada. No entanto, quando finalmente a cruzou em Berlim, percebeu que os outros maratonistas continuavam correndo.
Apesar da marca final ser o Brandenburg Gate, onde o Muro de Berlim costumava ficar, os corredores ainda tinham cerca de 300 metros para percorrer antes do encerramento. “Para mim, aquele último impulso foi o mais difícil – ainda que já tivesse corrido 40 km”, relembra.
Ao empreender, assim como na vida, devemos continuar seguindo em frente mesmo quando pensamos que o pior já passou. Isso exige força, persistência, amor e suporte para chegar ao fim de qualquer coisa que valha a pena. Por vezes, irá exigir mais do que você pensa. Mas vale a pena continuar buscando o necessário para superar os últimos 300 metros.
Fonte:
Free the Essence